tag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post5903362212170728837..comments2023-11-05T02:03:39.373-08:00Comments on Diário de Blindness: Post 11: Sobre bobeira, gincanas e posições de câmera.Blog de Blindnesshttp://www.blogger.com/profile/05570175384680314430noreply@blogger.comBlogger105125tag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-81581231038253561612011-09-17T02:07:57.698-07:002011-09-17T02:07:57.698-07:00Coach Outlet Stores are incredibly well-known all ...<a href="http://www.coachfactoryoutletstorereviews.com" rel="nofollow">Coach Outlet Stores</a> are incredibly well-known all around the world, and 1 of the preferred designer brands of many men and women. As soon as an individual buys a Coach purse, they usually will not turn to other brands! Though, buyers need to be conscious. Due to the brands popularity, a lot more and far more replicas are becoming designed. In other words, counterfeit items. They may well appear actual, but right after employing a replica for a when, you will notice the difference in top quality. <a href="http://www.coachhandbagsreviews.net" rel="nofollow">Coach Handbags</a>bobyhttps://www.blogger.com/profile/15459394634987946020noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-56831926750778516382011-01-29T05:14:41.856-08:002011-01-29T05:14:41.856-08:00Gostaria de deixar aqui os meus parabéns pelo exce...Gostaria de deixar aqui os meus parabéns pelo excelente blog e também fazer uma sugestão: a de publicar uma postagem aqui informando sobre a existencia do "Portal das Video Aulas", um site que reuni diversas video-aulas gratuitas, que vão desde aulas de inglês, até como tocar violão... com o objetivo de democratizar o acesso ao conhecimento no Brasil. O endereço do site é www.portaldasvideoaulas.com.br <br />Obrigado!Hihttps://www.blogger.com/profile/15657692311819651098noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-68161558395739354362010-08-30T15:36:34.769-07:002010-08-30T15:36:34.769-07:00Olá Fernando tudo bem? desculpe postar aqui, mas é...Olá Fernando tudo bem? desculpe postar aqui, mas é q não consegui uma outra forma de contato (procurei um e-mail seu mas não encontrei); é o seguinte: como sou fã do seu trabalho, principalmente Cidade de Deus (q pra mim é o melhor filme nacional já feito), e li numa entrevista vc dizer q é um devorador de livros, queria t perguntar se vc não gostaria de ler uma obra q escrevi já faz algum tempo; imagino como ficaria na telona...quem sabe? é um universo semelhante ao já citado Cidade de Deus; se vc tiver interesse em ler, sem compromisso nenhum, eu deixo aqui meu e-mail: sergio.kuns@brturbo.com.br para trocarmos ideiasUnknownhttps://www.blogger.com/profile/10121877516409075341noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-56108883311259199842008-10-24T06:39:00.001-07:002008-10-24T06:39:00.001-07:00O “Ensaio sobre a Cegueira”e o que a crítica não q...O “Ensaio sobre a Cegueira”<BR/>e o que a crítica não quis ver<BR/>– Enio Squeff –<BR/><BR/> Deve ser por uma espécie de obliteração visual – ou intelectual - quem sabe, que a crítica brasileira não se rendeu ao filme “Ensaio sobre a Cegueira”, do brasileiro Fernando Meirelles, baseado no romance homônimo do português José Saramago. O maestro Wilhelm Furtawaengler , na década de 30 do século XX, afirmava que a crítica nunca ia além do público, por ser em grande parte apenas e tão somente parte dele, ou mais que tudo, o seu espelho. Com efeito, Franz Kafka, com seus “O Processo” e “Metamorfose” só foi reconhecido quando alguns intelectuais se deram conta de que havia tudo de surreal, de “kafkiano” digamos, na vida cotidiana das cidades com suas regras irracionais, o esmagamento da individualidade e a falta de sentido no que a sociedade contemporânea elevou como dogma. Para dizer o óbvio em se tratando também de Kafka: as baratas tontas não se sabem à disposição do pé que pode triturá-las. São poucos, enfim, os que prevêem em qualquer ensaio sobre a cegueira um dos grandes diagnósticos, ou antes, a metáfora que, afinal, tornaria transparente a nossa relação com o mundo aparentemente luminoso da informação, e que seria o melhor do nosso século. Não espanta que a cegueira intelectual tenha muitos adeptos, mesmo entre banqueiros, como se está vendo. E que qualquer reflexão a respeito cause um pânico que normalmente convida à rejeição da sua existência como uma ameaça constante a nossas convicções. <BR/> Cegueira ou escapismo? Em determinados momentos as coisas parecem se confundir.<BR/> Na pintura “A parábola dos Cegos”, de Pieter Brueghel, o Velho (1520/30-1569), a cegueira é um preâmbulo da queda, de qualquer queda. Concebida por um artista que sempre se valeu das alegrorias, o cego que conduz os outros(como a confirmar o Evangelho), é o primeiro da fila a se estatelar: uma viola caída entre as suas pernas, é o único testemunho, algo patético, da sua atividade de músico. Fica a certeza de que a acuidade que lhe resta é a auditiva– um indício de que, afinal, nem tudo está perdido. Não por acaso, é essa também uma das características do filme de Meirelles – a cegueira branca que acomete as pessoas ( “toda a cegueira é branca” dizia o cego Jorge Luiz Borges), passa a ser compensada, em parte, pelos sons: o ouvido como compensação à visão. Ao contrário, porém, da tradição que canta os poetas cegos – o primeiro deles, Homero, teria como apanágio da sua introspecção, justamente a cegueira – no filme de Meirelles uma das poucas alternativas à sobrevivência do cego, não é só falar – é escutar. A questão, contudo, pode se definir numa outra consideração -e que consta do livro de Saramago: cabe ao não cego, ao vidente no sentido inclusive do visionário, do utópico, do que prediz o futuro, conduzir ao ordenamento do mundo. E não por acaso, certamente, o “rei” da terra dos cegos – aquele que, no fim das contas, tem olhos para ver (ainda que possa ser “caolho”, como no ditado popular, o que não é o caso) - só persiste como tal, não apenas por ter olhos, por estar na pele de uma mulher. Claro que se trata da solução de um cineasta que se cingiu aos contornos do romance, a uma reflexão que foi fiel a Saramago. Tanto no filme, quanto no romance, a mulher aparece como única solução viável ao mundo do caos. Talvez seja essa a contrariedade que o filme suscita: supõe-se que à falta de um macho, o protótipo do xerife, do super-herói americano a dar “porradas” e, na outra ponta, a lavar as sujeiras fisiológicas dos homens – tarefa a que as mulheres se dedicam já no trato com os nenéns – muitos críticos, ao que parece, fizeram eco aos norte-americanos. Não gostaram e pronto. É compreensível. <BR/> Num país, ideologicamente convencido, como nos Estados Unidos, de que, no cinema para as massas, as mulheres devem se travestir, têm de assumir os punhos poderosos, os ponta-pés especializados nas lutas orientais e em lutas em que as espadas mortíferas são brandidas como as dos samurais – que são sempre as armas dos homens, dos mais fortes fisicamente – vale muito pouco que o mundo feminino seja, no fundo, o vencedor. Afirmar, por aí, que a crítica brasileira imitou os norte-americanos pura e simplesmente, talvez seja apenas uma ilação apressada. Os especialistas têm sempre as boas razões que escapam aos leigos. A cegueira, porém, como sugerem o filme e o livro, é uma doença que se dá numa grande cidade – justamente em São Paulo. E isso parece não ter sido igualmente relevado.<BR/> Talvez seja esse o outro lado da questão. As filmagens externas se passam todas numa paulicéia facilmente reconhecível, até mesmo por quem não mora na cidade. As próprias cenas em que os cegos são submetidos à quarentena – uma espécie de hospício - não sugerem menos do que o inferno do Carandiru. E como vivemos no contraste do Brasil, há também os grandes apartamentos, as casas confortáveis que dão para aquela paisagem exuberante, mais que prazerosa dos arvoredos da região dos Jardins, vistos do alto. E há, finalmente, muito também do seu oposto, daquilo que somos na periferia, o que sugere o “panorama visto da ponte”, para recorrer ao título da famosa peça de Arthur Miller. Entre a pujança do horizonte aprazível de São Paulo, ou a degradação do Tietê, com suas águas estagnadas e as margens infectas e que confluem com as ferrovias da periferia, há o lugar para algumas cenas dantescas, coisas de cenaristas. Como constatava Mozart com sua incrível invenção que, inclusive, lhe provocava lágrimas quando escutava suas próprias composições, para um paulistano, a metamorfose a que o filme submete a cidade de São Paulo, deve arrepiar no sentido contrário ao prazer do compositor com a sua música: resta a interrogação angustiante, isto é, se não podemos chegar às ruínas que o filme mostra. Neste ponto, talvez não seja arriscada levantar a hipótese de que foi esse o outro problema para a crítica: é preferível, naturalmente, considerar a Gotan City do filme Batman, julgada pela mesma crítica muito melhor do que o filme brasileiro ( pelo menos é o que dizem as estrelinhas das cotações dos jornais), à alternativa requerível à cidade “dos cegos”(São Paulo) idealizada pelo cineasta. E que nos assusta, exatamente por a reconhecermos, não na sua ruína construída, deformada, que só o cinema pode engendrar – mas na sua degradação possível, previsível que só o pessimismo leva em conta.<BR/> Ao término da leitura de um de seus romances, Dostoievsky teve de acariciar as mãos de sua companheira, a guiza de consolo; ao lê-lo, ela mergulhou numa tal tristeza que foi difícil demovê-la de que o mundo, quem sabe, pudesse talvez ser menos trágico do que as invenções de um escritor. Quando escreveu algumas de suas sonatas, Beethoven não previu que certas pessoas iriam se desmanchar no choro: disse que compunha não para que as pessoas se derramassem em lágrimas, mas para que refletissem. Estima-se que nunca foi a intenção de José Saramago, ou de Fernando Meirelles sugerirem menos do que uma parábola. Nenhum dos dois deve ter se demorado na perspectiva que preside a idéia primitiva de que a cegueira pode ser, por exemplo, o tal atributo dos poetas. Homero cego, certamente justificava os seus poemas como conseqüência dos que se vêem mergulhados em sua própria interioridade. Inimaginável esse tipo de consideração nem em Saramago, muito menos em Brueghel, ou no cineasta brasileiro. Vem daí, porém, que a cegueira, como perda da capacidade de surpreender a evidência - que, por sua vez, tem a respaldá-la justamente o “ver”, o de conter em si a transparência, e que nasce do latim “videre” - passa a ser exatamente o contrário do que se imagina a grande contribuição da crítica. <BR/> O paradoxo, em suma, afigura-se todo esse: o filme “Ensaio sobre a Cegueira” deixa em aberto que, de fato, quase simploriamente, o maior cego é aquele que se recusa a ver. A pergunta que fica no ar, porém, é aquela que não fazemos: talvez não estejamos vendo pelas razões que a própria cegueira nos dá – de não termos como evidente de que estamos cegos. Fica, mesmo assim, a convicção de que São Paulo pode estimular esse tipo de raciocínio - que é a forma de não raciocinar, ou de se recusar a fazê-lo. <BR/> Na fita, a grande cidade se mostra pela ótica do que, contrariamente, talvez seja o que podemos denominar de “poética do horror”: nada de Batmans a cruzar os céus artificiais de uma cidade brumosa que assusta de mentirinha, por ser o ambiente de um “homem morcego”; ou de Super-Homens a salvar, no último momento, o próprio mundo. Quando as cidades mergulham no sem sentido de bolsas de valores, a se esfarinharem na predação do consumismo, ou a se diluírem sob bombas – não há mesmo esperança possível. Não há super-heróis que lhes valham. A não ser naquele que vê através do mundo escondido no branco, que tapa a vista à evidência. Explica-se, porém, desta forma, que o filme Batman seja considerado a grande realização cinematográfica para os grandes jornais: eles nos conformam, sabe-se lá, à cegueira circundante. Haveria, talvez, que falar sobre esse ir e vir do que é o filme de Meirelles: ele se propõe a discutir a cegueira, um tema que a cegueira espiritual teima em não fazê-lo. <BR/> Mas é apenas uma das especulações possíveis.<BR/> Em tempo: José Saramago viu o filme e confessou-se emocionado com a adaptação de Fernando Meirelles. Difícil dizer se a crítica cinematográfica de São Paulo ou do Brasil leu o livro de José Saramago. Quem o fez – embora essa não seja em momento algum uma exigência - muito dificilmente desqualifica o filme. No mais, noticia-se que uma associação de cegos americanas achou o filme “preconceituoso”. Talvez se possa falar de uma possível, mas até aqui inédita cegueira dupla. <BR/><BR/>Enio Squeff<BR/>enio@squeff.com<BR/>www.squeff.com<BR/>Outubro 2008Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-35451843515851594892008-10-24T06:39:00.000-07:002008-10-24T06:39:00.000-07:00O “Ensaio sobre a Cegueira”e o que a crítica não q...O “Ensaio sobre a Cegueira”<BR/>e o que a crítica não quis ver<BR/>– Enio Squeff –<BR/><BR/> Deve ser por uma espécie de obliteração visual – ou intelectual - quem sabe, que a crítica brasileira não se rendeu ao filme “Ensaio sobre a Cegueira”, do brasileiro Fernando Meirelles, baseado no romance homônimo do português José Saramago. O maestro Wilhelm Furtawaengler , na década de 30 do século XX, afirmava que a crítica nunca ia além do público, por ser em grande parte apenas e tão somente parte dele, ou mais que tudo, o seu espelho. Com efeito, Franz Kafka, com seus “O Processo” e “Metamorfose” só foi reconhecido quando alguns intelectuais se deram conta de que havia tudo de surreal, de “kafkiano” digamos, na vida cotidiana das cidades com suas regras irracionais, o esmagamento da individualidade e a falta de sentido no que a sociedade contemporânea elevou como dogma. Para dizer o óbvio em se tratando também de Kafka: as baratas tontas não se sabem à disposição do pé que pode triturá-las. São poucos, enfim, os que prevêem em qualquer ensaio sobre a cegueira um dos grandes diagnósticos, ou antes, a metáfora que, afinal, tornaria transparente a nossa relação com o mundo aparentemente luminoso da informação, e que seria o melhor do nosso século. Não espanta que a cegueira intelectual tenha muitos adeptos, mesmo entre banqueiros, como se está vendo. E que qualquer reflexão a respeito cause um pânico que normalmente convida à rejeição da sua existência como uma ameaça constante a nossas convicções. <BR/> Cegueira ou escapismo? Em determinados momentos as coisas parecem se confundir.<BR/> Na pintura “A parábola dos Cegos”, de Pieter Brueghel, o Velho (1520/30-1569), a cegueira é um preâmbulo da queda, de qualquer queda. Concebida por um artista que sempre se valeu das alegrorias, o cego que conduz os outros(como a confirmar o Evangelho), é o primeiro da fila a se estatelar: uma viola caída entre as suas pernas, é o único testemunho, algo patético, da sua atividade de músico. Fica a certeza de que a acuidade que lhe resta é a auditiva– um indício de que, afinal, nem tudo está perdido. Não por acaso, é essa também uma das características do filme de Meirelles – a cegueira branca que acomete as pessoas ( “toda a cegueira é branca” dizia o cego Jorge Luiz Borges), passa a ser compensada, em parte, pelos sons: o ouvido como compensação à visão. Ao contrário, porém, da tradição que canta os poetas cegos – o primeiro deles, Homero, teria como apanágio da sua introspecção, justamente a cegueira – no filme de Meirelles uma das poucas alternativas à sobrevivência do cego, não é só falar – é escutar. A questão, contudo, pode se definir numa outra consideração -e que consta do livro de Saramago: cabe ao não cego, ao vidente no sentido inclusive do visionário, do utópico, do que prediz o futuro, conduzir ao ordenamento do mundo. E não por acaso, certamente, o “rei” da terra dos cegos – aquele que, no fim das contas, tem olhos para ver (ainda que possa ser “caolho”, como no ditado popular, o que não é o caso) - só persiste como tal, não apenas por ter olhos, por estar na pele de uma mulher. Claro que se trata da solução de um cineasta que se cingiu aos contornos do romance, a uma reflexão que foi fiel a Saramago. Tanto no filme, quanto no romance, a mulher aparece como única solução viável ao mundo do caos. Talvez seja essa a contrariedade que o filme suscita: supõe-se que à falta de um macho, o protótipo do xerife, do super-herói americano a dar “porradas” e, na outra ponta, a lavar as sujeiras fisiológicas dos homens – tarefa a que as mulheres se dedicam já no trato com os nenéns – muitos críticos, ao que parece, fizeram eco aos norte-americanos. Não gostaram e pronto. É compreensível. <BR/> Num país, ideologicamente convencido, como nos Estados Unidos, de que, no cinema para as massas, as mulheres devem se travestir, têm de assumir os punhos poderosos, os ponta-pés especializados nas lutas orientais e em lutas em que as espadas mortíferas são brandidas como as dos samurais – que são sempre as armas dos homens, dos mais fortes fisicamente – vale muito pouco que o mundo feminino seja, no fundo, o vencedor. Afirmar, por aí, que a crítica brasileira imitou os norte-americanos pura e simplesmente, talvez seja apenas uma ilação apressada. Os especialistas têm sempre as boas razões que escapam aos leigos. A cegueira, porém, como sugerem o filme e o livro, é uma doença que se dá numa grande cidade – justamente em São Paulo. E isso parece não ter sido igualmente relevado.<BR/> Talvez seja esse o outro lado da questão. As filmagens externas se passam todas numa paulicéia facilmente reconhecível, até mesmo por quem não mora na cidade. As próprias cenas em que os cegos são submetidos à quarentena – uma espécie de hospício - não sugerem menos do que o inferno do Carandiru. E como vivemos no contraste do Brasil, há também os grandes apartamentos, as casas confortáveis que dão para aquela paisagem exuberante, mais que prazerosa dos arvoredos da região dos Jardins, vistos do alto. E há, finalmente, muito também do seu oposto, daquilo que somos na periferia, o que sugere o “panorama visto da ponte”, para recorrer ao título da famosa peça de Arthur Miller. Entre a pujança do horizonte aprazível de São Paulo, ou a degradação do Tietê, com suas águas estagnadas e as margens infectas e que confluem com as ferrovias da periferia, há o lugar para algumas cenas dantescas, coisas de cenaristas. Como constatava Mozart com sua incrível invenção que, inclusive, lhe provocava lágrimas quando escutava suas próprias composições, para um paulistano, a metamorfose a que o filme submete a cidade de São Paulo, deve arrepiar no sentido contrário ao prazer do compositor com a sua música: resta a interrogação angustiante, isto é, se não podemos chegar às ruínas que o filme mostra. Neste ponto, talvez não seja arriscada levantar a hipótese de que foi esse o outro problema para a crítica: é preferível, naturalmente, considerar a Gotan City do filme Batman, julgada pela mesma crítica muito melhor do que o filme brasileiro ( pelo menos é o que dizem as estrelinhas das cotações dos jornais), à alternativa requerível à cidade “dos cegos”(São Paulo) idealizada pelo cineasta. E que nos assusta, exatamente por a reconhecermos, não na sua ruína construída, deformada, que só o cinema pode engendrar – mas na sua degradação possível, previsível que só o pessimismo leva em conta.<BR/> Ao término da leitura de um de seus romances, Dostoievsky teve de acariciar as mãos de sua companheira, a guiza de consolo; ao lê-lo, ela mergulhou numa tal tristeza que foi difícil demovê-la de que o mundo, quem sabe, pudesse talvez ser menos trágico do que as invenções de um escritor. Quando escreveu algumas de suas sonatas, Beethoven não previu que certas pessoas iriam se desmanchar no choro: disse que compunha não para que as pessoas se derramassem em lágrimas, mas para que refletissem. Estima-se que nunca foi a intenção de José Saramago, ou de Fernando Meirelles sugerirem menos do que uma parábola. Nenhum dos dois deve ter se demorado na perspectiva que preside a idéia primitiva de que a cegueira pode ser, por exemplo, o tal atributo dos poetas. Homero cego, certamente justificava os seus poemas como conseqüência dos que se vêem mergulhados em sua própria interioridade. Inimaginável esse tipo de consideração nem em Saramago, muito menos em Brueghel, ou no cineasta brasileiro. Vem daí, porém, que a cegueira, como perda da capacidade de surpreender a evidência - que, por sua vez, tem a respaldá-la justamente o “ver”, o de conter em si a transparência, e que nasce do latim “videre” - passa a ser exatamente o contrário do que se imagina a grande contribuição da crítica. <BR/> O paradoxo, em suma, afigura-se todo esse: o filme “Ensaio sobre a Cegueira” deixa em aberto que, de fato, quase simploriamente, o maior cego é aquele que se recusa a ver. A pergunta que fica no ar, porém, é aquela que não fazemos: talvez não estejamos vendo pelas razões que a própria cegueira nos dá – de não termos como evidente de que estamos cegos. Fica, mesmo assim, a convicção de que São Paulo pode estimular esse tipo de raciocínio - que é a forma de não raciocinar, ou de se recusar a fazê-lo. <BR/> Na fita, a grande cidade se mostra pela ótica do que, contrariamente, talvez seja o que podemos denominar de “poética do horror”: nada de Batmans a cruzar os céus artificiais de uma cidade brumosa que assusta de mentirinha, por ser o ambiente de um “homem morcego”; ou de Super-Homens a salvar, no último momento, o próprio mundo. Quando as cidades mergulham no sem sentido de bolsas de valores, a se esfarinharem na predação do consumismo, ou a se diluírem sob bombas – não há mesmo esperança possível. Não há super-heróis que lhes valham. A não ser naquele que vê através do mundo escondido no branco, que tapa a vista à evidência. Explica-se, porém, desta forma, que o filme Batman seja considerado a grande realização cinematográfica para os grandes jornais: eles nos conformam, sabe-se lá, à cegueira circundante. Haveria, talvez, que falar sobre esse ir e vir do que é o filme de Meirelles: ele se propõe a discutir a cegueira, um tema que a cegueira espiritual teima em não fazê-lo. <BR/> Mas é apenas uma das especulações possíveis.<BR/> Em tempo: José Saramago viu o filme e confessou-se emocionado com a adaptação de Fernando Meirelles. Difícil dizer se a crítica cinematográfica de São Paulo ou do Brasil leu o livro de José Saramago. Quem o fez – embora essa não seja em momento algum uma exigência - muito dificilmente desqualifica o filme. No mais, noticia-se que uma associação de cegos americanas achou o filme “preconceituoso”. Talvez se possa falar de uma possível, mas até aqui inédita cegueira dupla. <BR/><BR/>Enio Squeff<BR/>enio@squeff.com<BR/>www.squeff.com<BR/>Outubro 2008Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-61531798822413163632008-10-08T19:44:00.000-07:002008-10-08T19:44:00.000-07:00Caro Fernando Meirelles ,Na minha humilde opinião ...Caro Fernando Meirelles ,<BR/>Na minha humilde opinião ,você é de fato o melhor DIRETOR do Brasil! Sempre acompanho teus trabalhos ,mas este ,"Ensaio sobre a Cegueira" é sensacional! Parabéns e sucesso!<BR/>Grande abraço,Rodrigo Ferraz Olimpiohttps://www.blogger.com/profile/03754154289911331369noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-86254131982962493742008-03-24T15:08:00.000-07:002008-03-24T15:08:00.000-07:00Amo esse livro, junto com Cem anos de Solidão. E a...Amo esse livro, junto com Cem anos de Solidão. E adoro demais o Ruffalo, espero ansiosamente o filme. Parabéns Fernando, por toda sua obra no Brasil e no exterior. Boa sorte.<BR/>Abraçosolfirminohttps://www.blogger.com/profile/14406335583059247151noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-29604752427305830802007-11-27T12:00:00.000-08:002007-11-27T12:00:00.000-08:00Eurekaa!!To prestes a rodar meu terceiro curta q t...Eurekaa!!<BR/>To prestes a rodar meu terceiro curta q terá uma linguagem diferente dos dois anteriores... Eu sou clarinetista, mas tava insegura, achando que esse novo não combinava com clarinete... e eis que Fernando Meirelles me salva! Viva o jazz!!!<BR/><BR/>(e viva esse blog! Que honra!)marcela-aranteshttps://www.blogger.com/profile/02281113020746160482noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-35158262052341902122007-11-16T08:12:00.000-08:002007-11-16T08:12:00.000-08:00Depois de um período de ausência (devido a uma mom...Depois de um período de ausência (devido a uma momentânea exclusão digital), volto a comentar.<BR/><BR/>Este talvez foi seu tópico mais técnico, mais didático. É bom trazer informações obre a metodologia de como construir uma cena, mas senti falta de uma abordagem mais pessoal.<BR/><BR/>nbo mai, boa sorte com o filme.<BR/><BR/>um abraço<BR/><BR/>JanJanhttps://www.blogger.com/profile/12437331639435358540noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-71689962479947261602007-11-12T07:54:00.000-08:002007-11-12T07:54:00.000-08:00Só posso juntar minha voa à tantas outras, precisa...Só posso juntar minha voa à tantas outras, <BR/>precisamos de mais posts!<BR/>depois de alguns meses acompanhando este blog, estamos todos em posto de espera!Paolahttps://www.blogger.com/profile/02772892222811970024noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-55337474218601013902007-11-12T06:05:00.000-08:002007-11-12T06:05:00.000-08:00Aproveitando o gancho da poética câmera B e do poé...Aproveitando o gancho da poética câmera B e do poético replicante sideral - lindissima a resolução do casal japonês na fogueira, só um haikai mesmo, para completarCarla Reichmannhttps://www.blogger.com/profile/07011699003878066723noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-65560921164585503582007-11-11T10:37:00.000-08:002007-11-11T10:37:00.000-08:00Por favor!!! atualiza o blog!!Nós, fiéis acompanha...Por favor!!! atualiza o blog!!<BR/>Nós, fiéis acompanhantes e ansiosos expectadores dessa estória maravilhosa, queremos saber todas as novidades!!!!<BR/><BR/>A gente nem se importa se vc mandar o estagiária escrever...MaFê e Rodrigohttps://www.blogger.com/profile/09288776696815759476noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-77670133275911119652007-11-10T21:22:00.000-08:002007-11-10T21:22:00.000-08:00Acompanhar as filmagens e ler esse blog são verdad...Acompanhar as filmagens e ler esse blog são verdadeira aulas de cinema.<BR/>Não é a toa que considero você um grande Mestre!<BR/><BR/>beijos e boa sorte na pósUnknownhttps://www.blogger.com/profile/05550638478825986677noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-21439840997868668942007-11-10T18:00:00.000-08:002007-11-10T18:00:00.000-08:00el libro es increible, es el mejor libro que he le...el libro es increible, es el mejor libro que he leido, espero que la pelicula sea buena, aunque es dificil que no lo sea con esa historia<BR/>saludos<BR/>LUISLuisMaurohttps://www.blogger.com/profile/07353858439153375915noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-42620800981263249212007-11-10T17:55:00.000-08:002007-11-10T17:55:00.000-08:00Post novo, post novo, post novo...Post novo, post novo, post novo...20 mpixelshttps://www.blogger.com/profile/03900720742580768671noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-90925451798374039362007-11-10T07:40:00.000-08:002007-11-10T07:40:00.000-08:00fantastico! Moro em Paris e se um dia vier filmar ...fantastico! Moro em Paris e se um dia vier filmar por aqui tem uma voluntaria pra servir cafe, fazer massagens nos pes e ir buscar pain au chocolat.<BR/>Um grande abraçosamyahttps://www.blogger.com/profile/17444811221823420825noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-8949868609273996302007-11-09T04:41:00.000-08:002007-11-09T04:41:00.000-08:00O problema de se filmar como jazz, é que se o cara...O problema de se filmar como jazz, é que se o cara não for bom, ele pode desafinar bastante, e com isso levar as ruínas as suas boas intenções com o filme.ROBNEY BRUNOhttps://www.blogger.com/profile/02393362669291997610noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-59557452783751850102007-11-08T10:58:00.000-08:002007-11-08T10:58:00.000-08:00Adorei a Juliannne Moore como a mulher do médico, ...Adorei a Juliannne Moore como a mulher do médico, perfeita. Estou lendo o livro q é sensacional, e coloco o rosto dela nas imagens da mulher...vai ficar lindo na telona, estou louca para ver. Se vc filma como jazz, caho que podemos dizer q o Saramago escreve como jazz. Que casamento hem!!!!!!!!!! Parabéns sou sua fã.<BR/> SucessoIzahttps://www.blogger.com/profile/03890276695068357519noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-39422522053601026702007-11-08T10:55:00.000-08:002007-11-08T10:55:00.000-08:00O TRAÇO DE MEIRELESNuma tentativa, sem limites, po...O TRAÇO DE MEIRELES<BR/><BR/>Numa tentativa, sem limites, podemos enterder a maneira de filmar de Meireles, fazendo um paralelo entre o que é fazer cinema e a sua profissão de arquiteto. Sabemos que um bom filme, sempre começa com um bom roteiro, assim como um bom projeto de arquitetura é o embrião de qualquer grande obra. É claro que no meio disso tudo, tem sempre uma equipe disposta a trabalhar e dar o sangue em nome de cada projeto, seja ele de engenharia ou de cinema, e que para reger essa orquestra é preciso sempre um bom "maestro". Assim como Oscar Niemayer é mundialmente reconhecido pelos traços curvos de suas obras, que segundo ele mesmo, é inspirado nos contornos curvilíneos do corpo feminino, podemos reconhecer o traço de Meirelles em seus filmes, onde a câmera assume, com total liberdade de movimento, o papel de desenhar os cenários e personagens de seus filmes, de uma forma jamais vista no cinema mundial. É como se a câmera fosse o seu lápis de desenho 6B, e aos poucos, num constante jogo de balançar e desfocar das imagens, a história fosse sendo desenhada na tela. Essa forma de filmar, quase documental, quebra totalmente com o padrão hollywoodyano, e tem sido utilizado cada vez mais, e em maior número por novos cineastas pelo mundo afora. Nos cinco anos que freqüentei os bancos da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Goiás, me lembro de passar horas a fio na prancheta, com o professor ao lado, dizendo que, para ser um bom profissional, é preciso aperfeiçoar os nossos traços. Ora, como todo bom arquiteto é reconhecido pelo traço leve e solto de seus desenhos, talvez esteja aí, um dos motivos de tanto sucesso de Meirelles em sua carreira como cineasta. Uma pena é que para isso, tenhamos perdido um grande profissional da área de arquitetura, mas em compensação o Brasil ganhou um dos seus maiores profissionais de cinema.<BR/><BR/>por Robney BrunoROBNEY BRUNOhttps://www.blogger.com/profile/02393362669291997610noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-90980634449195047302007-11-08T10:06:00.000-08:002007-11-08T10:06:00.000-08:00Fernando larga de ser mau e posta mais...rsrrsrsFernando larga de ser mau e posta mais...rsrrsrsUnknownhttps://www.blogger.com/profile/09917748566005963177noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-51739034348282910822007-11-08T09:12:00.000-08:002007-11-08T09:12:00.000-08:00Olá Fernando,Pra que é fascinado por cinema como e...Olá Fernando,<BR/><BR/>Pra que é fascinado por cinema como eu a ponto de ter absoluta de que seria cineasta não há como descrever o prazer de acompanhar este último post. <BR/>E se eu fosse (e quem sabe ainda vier a me tornar) cineasta eu acho que teria esse estilo, acho fantástico também quem utiliza storyboards mas filmar como vc filma é muito interessante e é o que eu provavelmente faria, ou talvez um pouco dos dois. <BR/>Grande abraço!<BR/>RogérioRogério Salibahttps://www.blogger.com/profile/01106592659330275629noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-15965969318569422972007-11-07T04:51:00.000-08:002007-11-07T04:51:00.000-08:00Como é que faz para segurar a ansiedade entre um p...Como é que faz para segurar a ansiedade entre um post e outro? Agora com o filme em pós produção, imagino que vc esteja enlouquecido, mas quando der saudade das filmagens, dos atores, dos produtores gringos, dos PAs (hehehe), volta e escreve mais! Esperamos ansiosamente! AbraçoDudubragahttps://www.blogger.com/profile/08894900966390925467noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-80600675966984117292007-11-07T04:27:00.000-08:002007-11-07T04:27:00.000-08:00Fernandão... ta na hora de atualizar o blog véi......Fernandão... ta na hora de atualizar o blog véi... Chego de manhã na produtora todos os dias e nada de novos aulas... Ja li tudo do jardineiro Fiel e do Blindness... espero mais.. logo...A Morte de d Jota em Parishttps://www.blogger.com/profile/12758014438811588879noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-71176430752471372962007-11-07T04:19:00.000-08:002007-11-07T04:19:00.000-08:00Acho que pagaria para acompanhar a filmagem de um ...Acho que pagaria para acompanhar a filmagem de um filme assim.Stefanohttps://www.blogger.com/profile/00411122332682260512noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6620148051574036790.post-33483991341589758392007-11-07T03:23:00.000-08:002007-11-07T03:23:00.000-08:00fascinanteeste blog é demais!!!! Parabénsfascinante<BR/><BR/>este blog é demais!!!!<BR/> ParabénsIzahttps://www.blogger.com/profile/03890276695068357519noreply@blogger.com